sábado, 21 de agosto de 2010

A mediação como estratégia para despolarizar a comunicação



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(O presente texto é uma passagem de um artigo que estou finalizando. Está incompleto... aceita sugestões e críticas!)

A mediação é uma maneira de instaurar a comunicação rompida entre as partes em função da posição antagônica instituída pelo conflito. Tratando-se de um intercâmbio comunicativo no qual os conflitantes estipulam o que compete a cada um no tratamento do conflito em questão, a mediação facilita a expressão do dissenso definindo um veículo que possa administrar a discordância e chegar a um entendimento comunicativo. De fato, o principal desafio que a mediação enfrenta não é o de gerar relações calorosas e aconchegantes, sociedades isentas de conflito ou uma ordem de mundo harmoniosa. Ao invés disso, considerando-se a natureza endêmica do conflito, talvez o seu principal desafio seja encontrar mecanismos que possibilitem uma convivência comunicativamente pacífica.

Desse modo, se é pelo diálogo que surgem as bases do conflito, então o diálogo pode ser a melhor opção para tratar de realidades conflitantes. No entanto, apesar do significado amplo ligado ao termo “diálogo”, há pouca valia em se evocar seu poder, mais formalmente, diálogo significa simplesmente “uma conversa entre duas ou mais pessoas”. É preciso fazer a distinção entre formas específicas de diálogo, uma vez que nem todos os processos dialógicos podem ser úteis para se reduzir o potencial de hostilidade, conflito e agressão. De fato, as conversas dominadas por troca de críticas, ameaças e exigências litigiosas podem apenas exacerbar o conflito. O que se pretende é o diálogo transformador, aquele que pode ser traduzido em qualquer forma de intercâmbio que consiga transformar uma relação. Exemplificativamente, o diálogo transformador pode ser aplicado sempre entre indivíduos que estejam comprometidos com realidades separadas, antagônicas e conflituosas e que pretendam transformá-la em uma relação na qual realidades comuns e solidificadoras estejam sendo construídas .

Tudo isso se dá porque para entabular um diálogo transformador e restabelecer/estabelecer a comunicação rompida ou até então inexistente é preciso se despir dos preconceitos e da postura inflexível e olhar para o outro com um mínimo de sensibilidade e disposição para compreendê-lo.

Precisamos fugir da “comunicação alienante da vida”. Dentre essas formas de comunicação encontramos os julgamentos moralizadores que subentendem uma natureza errada ou maligna das pessoas e que não agem em consonância com nossos valores. O produto desses julgamentos são frases ou pensamentos rodeados de culpa, de insulto, de depreciação, de rotulação, de crítica... Essa forma de comunicação nos prende num mundo de idéias que dividem o certo e o errado, um mundo de julgamento e de classificação. Neste sentido, fazer comparações também é uma forma de comunicação alienante que julga o outro (Rosenberg, 2006).

O problema é que ao encontrar defeitos no outro, começamos a erigir um muro entre nós. Ao culpar, posiciono-me como alguém que sabe tudo e que é totalmente íntegro e o outro como um ser com defeitos que está sujeito ao meu julgamento. O outro é constituído como um objeto de desdém, sujeito à correção, ao passo que eu permaneço digno de elogios e poderoso. Dessa forma, eu alieno e, na tradição ocidental, a hostilidade é uma reação normal. O problema é intensificado no caso de grupos antagônicos, pois cada um deles pode responsabilizar o outro – os pobres culparão os ricos pela exploração, ao passo que os ricos responsabilizarão os pobres por sua indolência.

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